GUILHERME SOLARI
Do aumento de memória às mudanças nos gostos, alguns possíveis motivos da queda da dificuldade nos games
"Existem dois tipos de jogadores de “Battletoads”, os que emperraram na fase das motos e os que estão mentindo”.
- Do livro “Os 100 Melhores Jogos”
Convenhamos, a vida dos jogadores hoje é tranquila em comparação com antigamente. Sei que pareço um ancião entediando os netinhos com histórias da dificuldade do passado, mas pense em “Contra” com suas três vidas ou os “Ninja Gaiden” e “Castlevania” que quando atingido você era empurrado para onde sempre parecia magicamente existir um abismo. “Donkey Kong”, game difícil até em comparação com outros títulos clássicos, possui mais de 80 telas ao longo de três níveis e uma partida mediana dura três. “Battletoads”, jogo que estraçalhou muitas amizades em seu modo cooperativo, foi votado o jogo mais difícil da história pelo site Gametrailers.
Claro que games difíceis ainda existem – “Ninja Gaiden”, “Devil May Cry 3” e “Demons’s Souls” são alguns exemplos recentes, mas parece ser clara a tendência a facilitar a vida do jogador. Era comum “emperrar” em um determinado chefão e ter que persistir até vencer e hoje isso costuma ser apontados como um defeito em análises. Gamers antigos precisavam ter uma queda pelo masoquismo. Veja abaixo dez hipóteses sobre a vida mansa dos jogadores atuais.
1. Game Over para o Game Over – Os videogames floresceram na Era de Ouro dos fliperamas e, nos arcades, os jogos “querem” que você morra. A expressão “Game Over” se tornou icônica e saiu do nicho dos gamers para a população em geral, mas é cada vez mais rara nos jogos. A com “continues” infinitos ainda é comum, porém a versão original perdeu-playboy-volta-pro-começo-do-jogo praticamente desapareceu.
2. Pouca memória dos games antigos – A longevidade de jogos de consoles como o Nintendinho eram estendidas pela dificuldade, já que precisavam ser curtos devido à pouco memória dos cartuchos. O recorde de velocidade para terminar Super Mario Bros.” no site de registro de recordes de games Twin Galaxies é de 5 minutos e 8 segundos, por exemplo, e outros títulos da plataforma não são muito mais longos para um jogador experiente.
3. Chega a salvação - A dificuldade está intimamente relacionada com a história do ‘save’, já que o modo de guardar seu progresso e de continuar de onde errou é central para o desafio do game. O aumento do tamanho e complexidade dos jogos tornou essa função necessária, mas você tem bem menos a perder quando pode salvar o jogo a quase qualquer momento. Mais fácil ainda ficou quando nem salvar mais era necessário, com os onipresentes autosaves e checkpoints comuns nos títulos modernos.
5. Ditadura do ‘completismo’ – Antes o grande mérito era terminar um jogo, hoje é “platinar”, conseguir todos os Achievements e Troféus. Parece estranho hoje, mas houve uma época na qual “zerar” o game era para os melhores e hoje parece que é o mínimo que o jogador mediano precisa fazer antes de se entediar.
7. A culpa é da narrativa – Jogos competitivos como de luta ou shooters são como um esporte no sentido que se concentram em reflexos e estratégias. Títulos mais narrativos podem colocar a história no centro da experiência e se focar nesse aspecto em detrimento do desafio. Pelo menos é a teoria levantada pelo desenvolvedor veterano Ste Pitckford, que criou “Solar Jetman” e “Ironsword” para a Rare e Nintendo. Segundo ele, os adventures da Lucasarts trouxeram aos games a impossibilidade de morrer para estimular a exploração. Eu ainda considero esses títulos difíceis, já que a verdadeira “morte” alí é emperrar nos quebra-cabeças.
8. A internet – Não tanto uma mudança nos games em si, mas em como a quantidade de informações que temos facilita a nossa vida virtual. Antes era comum escolher um jogo na locadora pela capa sem saber absolutamente nada sobre ele para passar o fim de semana e hoje é cada vez mais raro pegar um jogo sem saber nada sobre ele devido ao hype pré-lançamento. E depois de lançados, até jogos obscuros possuem online passo a passo em vídeo, enciclopédias wiki ou detonados.
9. É mais fácil desistir – Cada vez mais existem mais opções de entretenimento fácil e gratuito tanto na internet quanto fora dela. Quando você se frustrava com o chefão de um jogo e só tinha esse título novo pra passar o fim de semana a única opção era tentar de novo até derrubar o boss. Hoje você pode abrir um site de webgames, reclamar do jogo no twitter, ou assistir vídeos de felinos engraçadinhos no YouTube para se distrair mais facilmente. É mais fácil se entreter
10. Nós somos melhores jogadores – Somos as primeiras levas de gente que cresceu com videogames, e jogar algo desde pequeno proporciona uma agilidade que cresce mais a cada geração. Eu jogava “Super Mario Bros.” junto da minha irmã na idade que o meu sobrinho fragueia gente online em “Halo: Reach”.
By jogos.uol.com.br
8 comentários:
Ótimo post, parabéns....
otimo post cara,falando em continues um exemplo é killzone 3 que quando vc morre seu parceiro te "ressussita"
O último Prince of Persia é irritantemente impossível de morrer... A outra personagem te "pesca" quando está caindo.. Perdeu a graça dos desafios de ficar pulando no tempo certo e tudo aquilo que foi tão legal no Two Thrones, por exemplo.
verdade o q o Luiz Fernando disse, eu desisti do Prince of Persia novo, eh um lixo nao poder morrer... Na verdade, os jogos hoje dia estao realmente muito mais faceis, parabens pelo post ai parceiro
Mais um dos motivos para essa mudança na jogabilidade é que a geração que jogava antigamente cresceu e está no mercado de trabalho. Assim, poucos jogadores atualmente têm o tempo livre que tinham antigamente, para ficar jogando o mesmo jogo até passar de determinada fase. Eu mesmo, chego cansado em casa depois de trabalhar e estudar, ligo o videogame só tarde da noite pra uma jogatina rápida antes de dormir e começar a rotina novamente no dia seguinte. Eu não teria tempo hoje em dia de zerar um battletoads, por exemplo, nem se eu quisesse.
Então, visando esse público, a maior parte dos jogos hoje em dia são feitos de maneira que você possa jogar um pouco, parar e voltar novamente de onde você parou...
Saudades da época em que eu tinha a tarde inteira pra ficar detonando um jogo no SNES ou no Mega Drive...
Cara, excelente Post. Só que vou te dizer uma coisa: EU FUI UM DOS QUE CONSEGUIU PASSAR DA 3ª FASE DO JOGO BATTLETOADS - O TÚNEL. Era realmente muito difícil e tive que alugar essa fita dezenas de vezes para conseguir passar pela fase do Túnel; mas passei.
Eu tenho muita saudade da época do NES 8 Bits. Eu tive um Bit System, no qual adquiri em 1990 e meu primeiro jogo foi Mario Bros 1, que vinha junto com o video-game. Hoje estou com 35 anos e não vejo muita graça (apesar de jogar) nos jogos da atualidade. Realmente essa característica de ser mais fácil é notória.
Putz, quantas vezes eu morria no Castlevania e Ninja Gaiden depois de ser atingido por um inimigo e com aquele famoso "empurrãozinho" cair no abismo...kkkkkkkkkkkkkkk
Abraços
Ai pessoal e verdade, né como era embaçado salvar um jogo antigamente perdia tinha que começar tudo de novo, demorei tempos pra salvar o sunset riders do super nes, e pra vcs qual gfoi o jogo mas dificil que vcs salvaram
MATOU A PAU! Assino embaixo e já tinha refletido sobre o assunto, até mandei uma carta para uma revista falando sobre isso...discordaram de mim e praticamente me mandaram pastar. Tive a sorte de jogar os games na geração 8 bits! A vitória vinha gradual, à duras penas, pontuadas por vários GAME OVERs (essa frase era desoladora às vezes). E a vitória definitiva era inigualável: matar o ultimo chefão me fazia gritar CHUUUUUPA. Hoje eu fico com sono jogando.
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